Congregação dos Sagrados Corações


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sscc_044 O estilo da ação Missionária dos Sagrados Corações

Nossa ação evangelizadora está marcada pela experiência pessoal e comunitária do Amor misericordioso de Deus. Sentimos o chamado de Jesus a seguir seu caminho e experimentamos o seu perdão e sua vida nova. Nossa consagração nos chama a viver o dinamismo do Amor salvador e nos enche de zelo por nossa missão. Nossa ação missionária é caracterizada pela experiência de haver entrado no dinamismo interior do Amor de Cristo pelo Pai e pelo mundo, vivido em comunhão fraterna.

Seguindo o impulso do Espírito entramos na Congregação. Nela vamos fazendo um caminho em que vamos nos configurando a Cristo, ao seu Coração, tornando nossas as suas atitudes, opções e ações. Sentimo-nos perdoados e reconciliados; somos enviados a anunciar o Amor. Não há um anúncio autêntico de Jesus e de sua mensagem se não for a partir da própria experiência do amor Libertador. Daqui derivam as características de nossa ação apostólica.

Por outro lado, sentimo-nos enviados a estar presentes nas realidades do nosso mundo que estão mais necessitadas do anúncio da Boa Notícia. Entrar no Coração de Cristo supõe sentir-se como Ele diante da multidão faminta, que está como ovelha sem pastor, diante do enfermo, do marginalizado, do pobre. Cristo sente "compaixão", sente-se com o coração ferido, e então se coloca do seu lado, se com-padece. O seu amor nos leva à mesma experiência. Não somos movidos tanto por uma ideologia, mas por um sentimento, um amor encarnado que nos Leva a partilhar com os pobres deste mundo os seus sofrimentos, e nos leva a lutar de maneira solidária por uma sociedade mais justa e reconciliada. Buscamos a transformação do coração a partir da confiança plena na força soberana do Amor.

Nossa ação missionária brota desta "contemplação" do Amor de Cristo: ao contemplar o Amor manifestado em Jesus e a urgente necessidade que o mundo tem de ser amado no sentimos chamados à missão reparadora, consagrados pelo Amor.

Sentimo-nos enviados por uma comunidade. Por uma comunidade que se identifica com a atitude e a obra reparadora de Jesus; que sente, se com-padece e se solidariza com os pequenos deste mundo, os preferidos do Coração de Jesus. E uma comunidade que quer colocar o seu coração nos mais necessitados de carinho e acentua em sua pregação as dimensões de ternura e perdão do Amor salvador. A partir da comunidade, e com este tom de misericórdia, somos enviados às múltiplas e variadas atividades que constituem a missão.

Ao mesmo tempo, somos conscientes de que precisamente a nossa própria vida comunitária éparte fundamental de nossa missão, já que ela é testemunho daquilo que queremos pregar. Nossas relações de irmãos (às), com simplicidade e espírito de família, conscientes de que somos pecadores perdoados (sempre pecadores e sempre perdoados), marcam um estilo de presença. O espírito de família faz com que nos abramos com naturalidade às pessoas concretas que vivem ao nosso lado, que sejamos próximos a elas e partilhemos as suas alegrias e esperanças.

O amor de Deus se concretiza em cada pessoa, se particulariza e adquire um nome e um rosto concreto. Sentimo-nos instrumentos de Deus, agentes de comunhão, criadores de fraternidade e reconciliação.

Sendo movidos pelo dinamismo do Amor de Cristo, a nossa entrega à missão reconciliadora nos leva a sentir-nos "inflamados de zelo", entregados sem reserva, sem Limites. Temos no "Bon Pére" um modelo desta atitude. Ele teve a audácia dos simples. Frente ao que hoje chamaríamos de "descristianízação da sociedade", nos ensina a mais subLime das vocações: reintegrar as homens na confiança e no amor de Jesus Crista". Ao mesmo tempo, nos indica a medida: "sua vocação está, enfim, cheia de zelo e de um zelo inflamado". "Quando a gente se sente invadido pela ternura do Sagrado Coração de Jesus pela salvação das almas, é por acaso passível não sentir-se inflamado de zelo por propagar o amor de um Mestre tão bom?" (Regra de Vida, n0 24; Memória sobre o título de Zeladores, n0 6, 1816).

O zelo implica uma boa dose de paixão, de excesso, de loucura. Em nossa ação missionaria queremos ter a audácia, a valentia dos que confiam na presença ativa de Deus, do seu Espírito, dispostos sempre a arriscar-nos em nossas iniciativas. Frente a uma exagerada prudência, nossa atitude é mais de confiança e generosidade em nosso sacrifício pelos outros.

Na mesma linha do Sagrado Coração de Jesus que chega ao extremo de ser traspassado na cruz, o nosso zelo nos leva a assumir as atitudes do Servo. Sentimo-nos solidários com o pecado do mundo, com a injustiça, o ódio; somos conscientes do poder do mal, e por isso encontramos na entrega sacrificada um caminho para a reconciliação. Nossa vida eucarística é uma oferenda permanente de vida a serviço, um abraço à cruz ("os meus filhos serão filhos da cruz").

Deste excesso do amor temos um exemplo em nosso irmão Damião. Ele, seguindo o Espírito que marcou o "Bon Pêre", se solidarizou com os marginalizados, tornou-se "leproso com os Leprosos" para anunciar e dar testemunho do Amor de Deus, e Lutar com eles por sua dignidade de filhos de Deus.

Nossa ação missionária, por estar baseada na confiança na presença ativa de Deus na história, exige de nós a tarefa de discernír os sinais da presença de Deus e estar muito atentos para favorecer a ação do seu Espírito. Nossa comunidade quer estar atenta e disponível à vontade de Deus. Cremos firmemente que Deus age na história e que nós somos de alguma maneira "ação de Deus" ("oeuvre de Dieu"). Agimos confiando em seu Amor e procurando ter uma grande sensibiLidade para com os sinais de sua presença.

Ao mesmo tempo isto exige de nós um autêntico espírito missionário, uma abertura e disponibiLidade às exigências da missão, urgíndo a nossa capacidade de adaptação às circunstâncias. O zelo nos leva a optar pelas presenças mais necessitadas do anúncio da Boa Notícia. Exige de nós uma grande liberdade em nossas atitudes pessoais e nas estruturas e pLanejamentos de evangelização. Nossa ação missionária terá uma grande variedade de ministérios, de serviços, que serão o resultado do discernimento dos sinais dos tempos, buscando ser uma resposta às necessidades concretas, em sintonia com a nossa missão reparadora.

Em toda a nossa ação missionária, os mais pobres e necessitados ocupam um lugar preferenciaL. Mas é precisamente a partir da nossa presença no meio deles que vamos nos convertendo cada vez mais ao Deus do Amor. Deixamo-nos evangeLizar pelos pobres, sentindo-nos interpelados por sua situaçao, criticando a partir deles, com os seus oLhos e a sua sensibilidade, a nossa autenticidade no serviço gratuito e desinteressado. Se quisermos ser sinais do Amor não podemos fazer outra coisa senão deixar-nos interpeLar peLas pessoas entre as quais vivemos. E um sinaL de que realmente buscamos a vontade de Deus e não buscamos justificar as posições que tomamos.

Finalmente, toda a nossa ação missionária é exercida tendo a Maria, ao seu Coração, como modelo de união com Cristo e de presença pobre e servidora. Ela é modelo no contemplar, viver e anunciar o Amor redentor. Somos chamados a entrar no desígnio amoroso do Pai, com Jesus e como Maria.

Manuel García R. ss. cc. e Luis López F. ss. cc. (Espanha)

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